![leitao Leitão](https://i0.wp.com/descobrirportugal.pt/wp-content/uploads/2018/10/leitao.jpg?resize=640%2C363&ssl=1)
De acordo com Pedro Costa, num artigo que redigiu para o “Diário Regional”, os “Cadernos de Refeitório, um manuscrito conventual” (1743), apresentam uma receita de leitão que é muito semelhante ao da Bairrada.
Não existe uma versão consensual sobre o aparecimento. Entre as histórias que se contam, uma parece relacionar a Casa Bairradina: “É das poucas casas que tem o forno dentro da cozinha e, por isso, todos os pratos que nascem na Bairrada têm a ver com o forno”, refere ao Diário as Beiras António Duque, da Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada.
Sabe-se que em 1910 o leitão não fazia parte da alimentação da maioria das pessoas. Eram raras as pessoas que já o tinham saboreado. O leitão era comido em algumas datas de grande importância.
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No entanto, não deixa de ser curioso que no século XIX, existisse uma ementa que chamava a atenção dos pobres e dos ricos: a Cabidela de Leitão (um prato que, diga-se, ainda hoje é muito apreciado na zona da Mealhada).
Contudo, este prato refletia diferenças entre as classes sociais. Nos pobres, a cabidela era apenas molho e batatas e ia forno numa caçoila de barro preto. Para os ricos, a cabidela era constituída por batata e miudezas de leitão. Era feita num tabuleiro que ia ao forno e simultaneamente era assado o leitão.
Durante décadas, na Bairrada, o Bísaro era a raça escolhida para a preparação desta maravilha portuguesa.
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Com o tempo foi-se percebendo que existem raças que se desenvolvem muito mais rapidamente, merecendo assim mais atenção dos comerciantes.
Na segunda metade do século XX, o leitão passou a estar na moda. Em 1995, em Sangalhos, abriu portas a Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada.
De acordo com o site Leitão da Bairrada, aquela entidade tem como “objectivo primeiro e primordial a divulgação dos valores culturais e gastronómicos da região, levando a cultura e costumes Bairradinos a todos os pontos por onde passa e onde é convidada a comparecer”.
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Uma confeção rigorosa e que exige dedicação e tempo vale a despesa – o Leitão da Bairrada é uma das Sete Maravilhas da gastronomia portuguesa.
Da Mealhada ou da Bairrada?
Esta é a pergunta que alguns ainda fazem quanto ao nome a dar, e se, porventura, há diferenças entre eles.
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No fundo, estamos a falar do mesmo modo de preparação do leitão, sendo que quando falamos do Leitão da Bairrada estamos a ser mais inclusivos, já que esta região é acima de tudo uma área de demarcação vinícola que abrange vários concelhos – e a Mealhada é apenas um deles.
Contudo, a contribuição da Mealhada na questão do cozinhado de leitões e, mais que tudo, o número de restaurantes que começaram a abrir exclusivamente por causa deste famoso prato fez com que, na maior parte dos casos, especificássemos a cidade da Mealhada em detrimento de outras que, valha a verdade, também estiveram envolvidas na confecção (como é o caso de algumas casas de pasto na orla sul do concelho de Águeda).
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Os Mealhadenses, num característico orgulho municipal, dirão que não há nenhum leitão como o de lá. Essa asserção ficará de ser julgada pelo mercado, que diariamente lá faz uma pit stop gastronómica, e julgará por si.
Uma coisa parece ser óbvia: a posição geográfica da Mealhada, colada a uma saída da principal auto-estrada do país, garantiu-lhe fama que baste para que muita gente lhe tenha entregue o nome desta sétima maravilha da cozinha portuguesa.
A escolha do leitão
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O início do prato faz-se aqui, na seleção do leitão, que deve obedecer a uma série de critérios.
Em primeiro, deverá ser de casta local – e com isto digo da zona da Bairrada que, como vimos, abrange vários concelhos, não obrigatoriamente da Mealhada. Pode ser de raça Bísaro ou Malhado de Alcobaça.
O truque é que este tenha um mínimo de seis quilos e meio e um máximo de oito quilos e meio, correspondendo a isso um animal com aproximadamente um mês ou um pouco para lá disso – o tempo certo para que o leitão tenha gordura mas não em excesso.
Adicionalmente, é fundamental que não tenha sido alimentado por nada mais do que leite da sua mãe – ou seja, um leitão reduzido totalmente à sua condição de mamífero.
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A mãe do leitão, por sua vez, deve ser alimentada da forma mais natural possível, já que o leite de qualquer fêmea é influenciado pela sua dieta. Portanto, evitem-se rações e comida processada.
Preparação do Leitão da Bairrada
Desde que é feita a escolha do suíno até ao momento em que ele chega ao prato pronto a ser tragado, vão, à vontade, umas quatro ou cinco horas.
A dita matança e todo o processo de esboldração que se segue exige perícia do executante e experiência de quem tempera.
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O leitão deve ser morto de uma só facada: a faca deve ser longa o suficiente para perfurar toda a carne que se encontra entre as suas patas dianteiras, um pouco abaixo do pescoço.
Depois de escorrido o sangue, devemos colocá-lo por pouquíssimos segundos dentro de uma panela grande com água em ebulição e apenas cortada com um pouco de água fria no momento do mergulho.
Primeiro molha-se a parte da frente, cujo calor irá permitir que se retirem as unhas e que se retirem os pelos com ajuda de umas esfregas na pele, usando serapilheira. De seguida faz-se o mesmo para a parte de trás.
Após a boldra, lava-se de novo o leitão, agora em água fria, e raspa-se a pele para retirar qualquer pelo de sobra que possa ter ficado.
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Finalmente, antes de irmos ao tempero, acontece o amanho.
Voltamos ao buraco feito aquando da perfuração e espetamos nova faca, agora alongando o corte, chegando a meio do ventre, deixando o animal aberto. Do outro lado, fazemos outra perfuração, mais pequena, no reto, e damos uma volta à faca para alargar um pouco o orifício – daí retiramos as vísceras, incluindo o intestino.
Tornamos a ir à parte dianteira – depois de retiradas as tripas pelo ânus, podemos agora cortar o esófago e puxar de lá o ventre.
Lava-se novamente o bicho e é então colocado em posição vertical, para escorrer, por pelo menos uma hora.
Receita do Leitão da Bairrada
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Há dois grandes segredos que fazem do Leitão da Bairrada uma justa maravilha de Portugal. Um, como se sabe, é a pele, que deve ser estaladiça, meio tostada, e da cor do bronze. O outro, talvez menos óbvio, é o tempero que é preparado antes do leitão ir a assar. Comecemos pelo segundo.
Tempero
As doses descritas à frente são feitas tendo por base um leitão de oito quilos. Se for mais leve poderemos reduzir também as quantidades usadas. Mas assumindo ser esse o peso, o trato deve seguir estes passos: com um pilão e um almofariz, pisam-se 3 colheres de sopa de sal, com 2 cabeças de alho, 1 folha de louro, mais uma colher de sopa de pimenta, e juntam-se 50 gramas de toucinho e outras tantas de banha de porco. Há quem junte salsa. No fim, rega-se o tempero com azeite ou com o peculiar vinho branco da Bairrada.
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Depois de colocado o leitão numa vara de pinho queimado, numa perfuração que começa no ânus e vai correndo o corpo até sair pela boca, as patas traseiras são atadas à vara, ficando as dianteiras soltas. Barra-se o tempero por dentro e por fora, injetando-se, por vezes, o mesmo molho dentro da carne menos acessível, como as coxas.
Cose-se com fio e agulha a abertura que foi feita entre o pescoço e o ventre (esta é uma das maiores diferenças na preparação para o forno quando comparado com o Leitão de Negrais, tradicional de Sintra, que é assado aberto).
E assim, depois de untado, o leitão deve ser introduzido pela vara num forno típico da região, aquecido a lenha, normalmente em tijolo.
Assadura
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Vai-se rodando o leitão de um lado para o outro para manter a tostada homogénea, num ato recorrente que deve durar cerca de duas horas. Entretanto, o leitão vai sendo retirado de quando em vez e salpicado com vinho branco da região, com a ajuda de um borrifador.
Este é a garantia que temos para evitar que a pele sofra de sobredosagem de aquecimento, mantendo-a crocante ao invés de empolar e ganhar barriga.
Como servir o Leitão da Bairrada
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Depois de duas horas de manejo, no põe e tira do forno, o leitão começará a dar uma folga à vara. É fácil de perceber para quem tem a coisa na mão – o animal já não roda ao mesmo tempo da vara, estando mais solto. Este é o timing certo para se retirar o leitão.
Faz-se aí um furo junto ao ventre e deixa-se escorrer o molho que lá repousou dentro durante a assadura. Mas o forno ainda vem à baila – antes de ir ao prato, o leitão é por lá recolocado por pouco mais de cinco minutos.
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Só depois chegou o momento de o trincharmos, da cabeça à ponta das patas traseiras.
É servido com batata, preferencialmente cozida, salada a gosto. E vem ao prato à temperatura que se quiser – eu, por exemplo, sou um dos aficionados de leitão frio ou, no máximo, morno.
Aprenda a fazer Molho de Leitão
Fontes: Blasting News, Portugal Num Mapa
Com seis quilos já come portanto o verdadeiro leitão terá sempre no máximo cinco quilos e dá muito trabalho pois quando a mãe vai comer ele terá que ser separado pois comeria também. O artigo não explica porque matar um leitão se deixando crescer daria mais dinheiro pois teria mais peso e mais carne, ou seja deixá-lo chegar a porco ! Antigamente havia tão pouco leitão pelo facto de só se aproveitar para essa finalidade os nascidos em maior número do que as tetas da porca ! Fácil não é?