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Vídeo: uma corda e muita coragem por cima das ondas da Nazaré

Alguém com muita coragem resolveu resolveu fazer malabarismos por cima das ondas da Nazaré e filmar tudo com um drone. O resultado é arrepiante.

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Nazaré
Nazaré

No dia 30 de Dezembro de 2017, um grupo de Slackliners chamado “Western Riders” instalou uma corda que liga o Penhasco da Praia do Norte na Nazaré à Pedra do Guilhim, local famoso pelas diversas fotografias virais do impacto de ondas gigantes e que permitirá agora ousadas travessias. O Slackliner protagonista deste primeiro vídeo demonstrativo é Emerson Machado, de 28 ano, natural do Brasil.

De acordo com Emerson Machado, membro dos “Western Riders”, a linha foi instalada dias antes de uma grande incursão chegar à Nazaré, tendo sido tudo cuidadosamente planeado e verificado inúmeras vezes, de modo a garantir o máximo de segurança possível a quem realizar esta aventura. “É um risco calculado, não somos loucos como pode parecer à primeira vista, na realidade, tudo foi planeado ao mínimo detalhe” diz o membro da equipa de Slackline, “ao longo de dois dias, realizámos dezenas de caminhadas entre o penhasco e o Rock na Nazaré, e ninguém se feriu durante esse período, é relativamente seguro quando realizado por uma equipa experiente, trabalhando em conjunto com organização e cautela”, acrescenta.

Este desporto radical que consiste em fazer travessias sobre cordas bambas chama-se “Slackline” e a versão que podemos assistir neste vídeo, realizada na Praia do Norte, é apelidada de “Highlining”. Tanto o Slacklining como o Highlining envolvem bastante equilíbrio, coragem e uma corda suspensa acima do solo (ou acima do mar neste caso) e ancorada entre dois pontos. O resultado é pura magia para quem assiste e um desafio constante para quem pratica, tanto a nível físico como mental.

A Praia do Norte, perto da vila de Nazaré, tornou-se famosa pelas suas enormes ondas, principalmente desde que o surfista havaiano Garret McNamara estabeleceu o recorde em 2011, para a maior onda que já surfou, 23,77 metros. Desde então, o lugar tem atraído bastantes aventureiros dos mais diversos desportos radicais. Ainda na passada quinta-feira, 18 de Janeiro, a Nazaré voltou a viver outro dia memorável e desde vez com um feito protagonizado em português — embora ainda não existam dados oficiais, é possível que Hugo Vau tenha surfado uma onda de 35 metros, na Praia do Norte.

 

Como se formam as ondas da Nazaré?

Tornaram-se num autêntico postal turístico da Nazaré e, depois de McNamara ter aqui surfado uma das muitas famosas ondas gigantes próprias deste local, são aos milhares os turistas que passaram a visitar a Nazaré todos os anos. Alguns chegam aqui para surfar, outros chegam apenas para ver quem surfa. Descubra como se formam as ondas mais famosas de Portugal. A ondulação do largo que chega à zona costeira propaga-se mais rápido sobre o Canhão da Nazaré, onde a água é mais profunda, do que na plataforma continental adjacente, onde a água é relativamente pouco profunda.

Esta diferença na propagação da onda, dependendo da profundidade sobre a qual ela se move, modifica a orientação das linhas de cristas e cavas (dizemos que a onda é refratada pela topografia, tal como os raios de luz são refratados quando passam do ar para a água), criando zonas onde a onda converge.

Esta convergência focaliza a energia da onda o que se traduz-se numa amplificação da onda. Este processo parece ser particularmente eficaz na zona ao largo da Praia do Norte, durante os períodos de ondulação (swell) predominante de Noroeste ou de Oeste, e em algumas simulações efetuadas, recorrendo a modelos numéricos, sugeriram que uma onda ao largo com 10m de altura pode ser amplificada por este processo, atingindo cerca de 20m na área da Praia Norte.

Este processo é comum em outros canhões submarinos mas o que parece tornar a Nazaré especial é o facto de a orientação deste canhão e o modo como ele interseta a linha de costa permitirem que ele modifique as correntes que a própria ondulação cria junto à costa, fazendo com que em certos períodos se desenvolva uma corrente forte que se opõe às ondas.

(Fotografia ©MDig)

Em poucas palavras, os canhões submarinos como o Canhão da Nazaré, modificam o modo como a ondulação se propaga, permitindo a existência de zonas na proximidade do canhão onde a onda converge e se amplifica.

(Fotografia ©MDig)

Ao largo da Praia do Norte, este processo parece ser reforçado por correntes costeiras que se opõem às ondas e pela diminuição rápida do fundo que a onda sente ao passar do canhão para a plataforma próxima.

 

O canhão da Nazaré

O Canhão da Nazaré é conhecido de há muito, e em tempos remotos considerado como um abismo insondável.

(Fotografia ©MDig)

O conhecimento científico deste canhão submarino, nomeadamente sobre as suas características gerais nas proximidades da costa, poder-se-á localizar no início do século XX, com um conjunto de levantamentos hidrográficos realizados pela Missão Hidrográfica (o precursor do atual Instituto Hidrográfico), posteriormente descritos por Ferreira de Andrade (1937).

O Canhão Submarino da Nazaré estende-se por cerca 170 km, desde profundidades abissais de 5000m até cerca de poucas centenas de metros da Praia da Nazaré, onde a parte terminal do canhão (chamada a cabeceira do canhão) chega a 150m de profundidade.

(Fotografia ©MDig)

A parte do Canhão da Nazaré que corta a plataforma continental constitui um desfiladeiro submarino verdadeiramente impressionante, com uma largura máxima de cerca de 6 quilómetros e paredes que descem até aos 2000 metros de profundidade.

 

Fonte parcial: shifter.pt

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