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10 coisas que íamos comprar a Espanha

Ir a Espanha comprar caramelos ou "melocotones", quem se recorda? Hoje lembramos alguns produtos que comprávamos em Espanha nos anos 70 e 80.

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Caramelos

Os nossos vizinhos espanhóis têm de esperar pelo dia 6 de Janeiro para abrirem os seus presentes de Natal, mantendo a veia monárquica no respeito pelos Reis Magos e pela memória da sua oferta ao Menino Jesus. Também nós, portugueses, tivemos de esperar algum tempo para ver certos bens de consumo, que já eram comuns em Espanha, chegar ao nosso país.

O famoso touro de Osborne.

Por isso, nos anos 70 e 80 cruzávamos a fronteira — ainda com alfândega — não só para passear e comer calamares, mas também para fazer compras, e voltávamos orgulhosos de Badajoz, Tui, Vigo ou Ayamonte com produtos que ainda não tinham chegado ao mercado nacional.

Tui, fronteira espanhola.

Muito antes de haver companhias de aviação low-cost ou autoestradas até à fronteira, ir a Espanha era já uma grande viagem, e qualquer coisa que provasse aos amigos essa ida ao estrangeiro era um troféu apetecível.

Torrão de alicante.

Na altura, como ainda hoje, um par de castanholas, um vestido infantil de sevilhana ou um torrão de Alicante seriam talvez as lembranças turísticas mais estereotipadas, mas havia muitas outras coisas de uso comum a que só tínhamos acesso, quando éramos pequenos, se as trouxéssemos de Espanha.

Deixamos aqui uma dezena de exemplos.

 

Caramelos

Os mais famosos eram os de pinhão, da El Caserío

Ir comprar caramelos a Espanha tornou-se uma expressão. Claro que já havia rebuçados e caramelos em Portugal, como os caramelos de leite da Penha produzidos pela Lusiteca.

Mas havia qualquer coisa de abundância nos sacos enormes de caramelos que encontrávamos nas prateleiras dos supermercados além-fronteiras. Os mais famosos eram os de pinhão da El Caserío.

 

Guloseimas

As Bang Bang espanhola faziam-nos esquecer por momentos as nossas Gorila.

Não eram só os caramelos que nos adoçavam a boca quando íamos a Espanha.

Havia toda uma parafernália de derivados de açúcar, desde as pastilhas Bang Bang às gomas pretas de alfarroba, passando pelos marshmallows cor-de-rosa e pelas bisnagas de leite condensado.

E claro que nas férias os pais estavam mais permeáveis a aceder às vontades dos filhos em relação aos excessos de glicose.

 

Fruta enlatada

A tarte de “melocotón” era um clássico após uma viagem a Espanha.

Se o nosso país tem uma longa tradição em conservas de peixe, era em Espanha que as nossas mães gostavam de se abastecer de conservas de frutas. Nesse campo, o pêssego em calda — ou melocotón en almíbar – era a compra mais desejada.

 

Coca-Cola e Fanta

Os espanhóis bebem Coca-Cola desde 1953. A Portugal só chegou em 1977.

O refrigerante mais vendido na maioria dos países do mundo era proibido em Portugal até à Revolução de 1974, tendo sido lançado no nosso país apenas em 1977; a Fanta, da mesma empresa, chegou em 1983.

Pelo contrário, a Coca-Cola chegou primeiro a Madrid do que a Londres ou Paris, porque Espanha foi o país escolhido para a entrada da marca na Europa, em 1953 (a Fanta chegaria pouco depois, em 1961).

Daí que um exemplar de um destes refrigerantes valesse tantos pontos na coleção de latas que muitos adolescentes dos anos 70 tinham em cima do armário.

 

Roupa da Zara

A primeira Zara abriu na Corunha em 1975.

A Zara abriu a sua loja pioneira na Corunha em 1975 e rapidamente a cadeia se espalhou por todo o país vizinho. Hoje a marca tem mais de 2.000 lojas espalhadas por 88 países, e é apenas uma parte do império de vestuário do homem mais rico do mundo, Amancio Ortega, dono do grupo Inditex.

A Rua de Santa Catarina, no Porto, viu abrir a primeira Zara fora de Espanha, em 1988. Até lá, tínhamos de passar a fronteira para comprar os modelos desta marca que democratizou o acesso à moda a preços acessíveis.

 

Sapatos de vela

Sapatos de vela.

Os sapatos náuticos foram uma moda importada de Espanha, mesmo para quem nunca praticou desportos marítimos.

Durante várias décadas, foram imprescindíveis no guarda-roupa de qualquer betinho (e não só, claro está), que antigamente tinham de os ir buscar a Espanha, onde a variedade era bem maior, incluindo os muito vintage modelos tricolor.

 

Botas Sendra

Uma biqueirada com umas botas Sendra dava para furar um pneu.

Num estilo completamente diferente, houve uma época — felizmente fugaz — em que os nossos adolescentes, imbuídos do espírito vaqueiro do Oeste americano, não dispensavam as botas à cowboy, com a ponta em bico e desenhos.

A marca Sendra era fabricada em Espanha.

 

Caixa de magia Borras

A marca espanhola que fez de nós pequenos ilusionistas em espetáculos caseiros.

Não sabemos onde Luís de Matos terá aprendido os primeiros truques, mas, tendo nascido em 1970, é bem possível que tenha sido com uma caixa de magia da marca Borras.

Numa pequena caixa cabiam dezenas de truques que tentávamos não falhar quando juntávamos a família para assistir aos nossos espetáculos.

 

Bonecos

Um presépio Pin y Pon, muito apropriado para o Dia de Reis.

Qual foi a menina que não brincou com uma Nancy ou um Nenuco, ou que não fazia cidades com os Pin y Pon ou famílias de Barriguitas?

E qual foi o menino que não sonhou ter o barco de piratas da Famobil? Não é gralha, era mesmo Famobil, a marca com que a alemã Playmobil vendia os seus bonecos na Península Ibérica, entre 1973 e 1983 (a partir daí, as caixas passaram a ter o nome original).

A responsável por todos estes produtos tão desejados pela criançada era a empresa espanhola Famosa, que ainda hoje lidera o mercado ibérico de brinquedos.

 

Jogos

Quem terá sido o culpado, o Dr. Mandarino ou a Señorita Amapola? Com o candelabro ou com uma… “porra”?

A par dos bonecos, os jogos também pareciam ter uma maior variedade no país vizinho, mesmo que alguns já tivessem uma versão portuguesa.

E se o armazém de compras espanhol mais conhecido tinha “inglês” no nome, um dos mais populares jogos inventados em Inglaterra aparecia-nos com nome espanhol, na versão que a Majora lançou em Portugal nos anos 70.

O facto é que muitos de nós jogámos primeiro ao Cluedo na sua versão espanhola, em que os nomes das personagens nos pareciam exóticos e entre as possíveis armas do crime figurava uma “porra”.

Autor: Tiago Tavares

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