Quem é de Braga, conhece bem a “estrada mágica do Bom Jesus do Monte“. Não é mais que uma pequena rampa que liga o Parque do Bom Jesus à estrada nacional que nos leva de volta à cidade ou em direção ao Sameiro. Mas esta não é uma estrada igual às outras. Aqui, os carros sobem quando deviam descer e é fácil assistirmos a expressões de estupefação nas caras dos condutores que todos os dias põem à prova a “magia” daquela estrada.
Não é para menos: imaginem-se a descer uma estrada e, quando põem o pé na embraiagem e deixam o carro em ponto morto, ele descai para a vossa retaguarda em vez de rolar levemente no sentido para que estão virados. É de deixar qualquer um pasmado!
Pois bem, não tenciono com este texto pôr em causa a mitologia que envolve este local tão carismático do Bom Jesus do Monte. Daí que queira deixar o alerta a todos os que preferem justificações esotéricas à enfadonha e crua verdade a que a ciência nos submete constantemente: não leiam os próximos parágrafos, nem vejam o vídeo aqui em baixo.
O desvendar do “mistério”
Na verdade, o fenómeno da estrada mágica do Bom Jesus do Monte tem uma explicação física, bastante lógica e até simplista. A Porto Canal lembrou-se de fazer uma reportagem sobre este mesmo local há uns anos atrás e eu fui recuperar essa peça aos arquivos digitais deles para desmistificar esta rampa afamada.
Luis Cunha, professor de Física na Universidade do Minho, explica com bastante eficácia o que acontece ao certo naquela estrada. Inclusivamente recorre ao método da experimentação, afastando assim qualquer hipótese de erro na tese apresentada.
E o que Luis Cunha diz é muito simples. Há uma percepção de inclinação negativa – a ideia de estarmos a descer para uma zona mais baixa – que nos é dada pelo facto de a rampa desembocar numa estrada cuja inclinação é bastante acentuada.
O que de facto sucede é que a rampa está inclinada positivamente, ou seja, a subir para uma zona onde desemboca com outra estrada com ainda maior inclinação positiva. Como elas estão em paralelo e a inclinação de uma é bem maior que a outra, criamos a ilusão de que estamos a descer até ao cruzamento quando na verdade estamos a subir na sua direção.
Veja os vídeos que o comprovam:
Autor: Mário Ventura
Fonte: Webraga
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