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Provavelmente a maior onda surfada na Nazaré

Tinha cerca de 35 metros! O surfista português Hugo Vau pode ter realizado um recorde na onda a que chamam de ‘Big Mamma’. Mas nunca foi homologado.

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Nazaré
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Na Nazaré dizem que foi a maior onda alguma vez surfada

Vídeo de: WSL Big Wave Awards

O surfista português Hugo Vau apostou num recorde, ao surfar na onda a que chamam de ‘Big Mamma’. Tinha cerca de 35 metros.

Na altura a informação foi dada por Jorge Leal (membro da equipa do surfista português) através da página de Instagram. “Hoje vi provavelmente a maior onda surfada na Nazaré por @hugovau no maior swell de sempre!”, escreveu na descrição do vídeo.

Em entrevista à SIC, Hugo Vau disse que a equipa esteve sozinha “cerca de três horas na praia do Norte devido às condições adversas” e que houve cerca de cinco ou seis ondas em que tentou entrar, mas não conseguiu devido ao vento.

Vau acabou por surfar aquela que é considerada há sete anos como a “Big Mama”. “É muito grande, muitos surfistas que têm muitos anos de praia do Norte já me disseram que foi a maior onda que alguma vez viram surfar na Praia do Norte”, continuou.

Recorde-se que o recorde mundial pertence a Garrett McNamara que, em 2011 e naquela mesma praia”, surfou uma onda de 23,8 metros.

A onda surfada por Hugo Vau terá chegado aos 35 metros.

Apesar da espectacularidade da onda, no vídeo não se aprecia bem a línha do surfista nem se pode medir com correcção a onda. A sua altura e o respectivo record nunca foram por isso homologados.

Canhão da Nazaré

A ondulação do largo que chega à zona costeira propaga-se mais rápido sobre o Canhão da Nazaré, onde a água é mais profunda, do que na plataforma continental adjacente, onde a água é relativamente pouco profunda.

Esta diferença na propagação da onda, dependendo da profundidade sobre a qual ela se move, modifica a orientação das linhas de cristas e cavas (dizemos que a onda é refractada pela topografia, tal como os raios de luz são refractados quando passam do ar para a água), criando zonas onde a onda converge.

Esta convergência focaliza a energia da onda o que se traduz-se numa amplificação da onda. Este processo parece ser particularmente eficaz na zona ao largo da Praia do Norte, durante os períodos de ondulação (swell) predominante de Noroeste ou de Oeste, e em algumas simulações efectuadas, recorrendo a modelos numéricos , sugeriram que uma onda ao largo com 10m de altura pode ser amplificada por este processo, atingindo cerca de 20m na área da Praia Norte.

Este processo é comum em outros canhões submarinos mas o que parece tornar a Nazaré especial é o facto de a orientação deste canhão e o modo como ele intersecta a linha de costa permitirem que ele modifique as correntes que a própria ondulação cria junto à costa, fazendo com que em certos períodos se desenvolva uma corrente forte que se opõe às ondas.

Em poucas palavras, os canhões submarinos como o Canhão da Nazaré, modificam o modo como a ondulação se propaga, permitindo a existência de zonas na proximidade do canhão onde a onda converge e se amplifica. Ao largo da Praia do Norte, este processo parece ser reforçado por correntes costeiras que se opõem às ondas e pela diminuição rápida do fundo que a onda sente ao passar do canhão para a plataforma próxima.

O Canhão da Nazaré é conhecido de há muito, e em tempos remotos considerado como um abismo insondável. O conhecimento científico deste canhão submarino, nomeadamente sobre as suas características gerais nas proximidades da costa, poder-se-á localizar no início do século XX, com um conjunto de levantamentos hidrográficos realizados pela Missão Hidrográfica (o precursor do atual Instituto Hidrográfico), posteriormente descritos por Ferreira de Andrade (1937).

O Canhão Submarino da Nazaré estende-se por cerca 170 km, desde profundidades abissais de 5000m até cerca de poucas centenas de metros da Praia da Nazaré, onde a parte terminal do canhão (chamada a cabeceira do canhão) chega a 150m de profundidade. A parte do Canhão da Nazaré que corta a plataforma continental constitui um desfiladeiro submarino verdadeiramente impressionante, com uma largura máxima de cerca de 6 quilómetros e paredes que descem até aos 2000m de profundidade.

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