O Resumo de ‘Os Maias’ e ‘Lusíadas’, por Ricardo Araújo Pereira, são dois textos bem ao estilo humorístico do autor e recomendamos vivamente a sua leitura.
Resumo de ‘Os Maias’
“Os Maias” de Eça de Queirós (para quem não gosta de ler ou não tem tempo).
Era uma vez um gajo chamado Carlos, que vivia numa casa tão grande que levava p’raí umas vinte páginas a dizer como é que era. Quem gosta de imobiliário, tem aqui um petisco, porque aquilo tem assoalhadas grandes e boas e, pronto, mas p’ra mim não serve, que eu imóveis só com a fotografia, que às vezes um gajo é artista a escrever e depois uma pessoa vai a ver a casa e não tem nada a ver com o que imaginou.
Portanto, o gajo chama-se Carlos e o pai matou-se quando ele era pequeno, porque a mulher fugiu com um italiano e levou a filha que eles também tinham e… e ele matou-se, não faz sentido, porque o que não falta p’raí são gajas. Ora o puto fica com o avô e tal, vai crescendo e torna-se um gajo fino, bem vestido e que vai a boas festas.
Às tantas vê uma gaja e pensa: “Ui, que gaja tão boa!” e p’raí na página 400 começam a ir para a cama os dois e andam aí umas boas 200 páginas, pim, pim, troca e vira e agora nesta casa e agora naquela e pumba e… só que às tantas vem um gajo e diz: “-Eh pá, olha que a moça é tua irmã!” e o Carlos fica “eh pá, isso não pode ser, que nojo!” de maneiras que dá-lhe só mais duas ou três trolitadas e vai dar uma volta ao mundo, para espairecer, e acaba tudo em bem porque, ao menos, não tiveram filhos.
Porque se tivessem eram, de certeza, meio tantans, babavam-se, como o meu primo Zé Luís, que os pais também eram parentes.
ENSINAMENTOS DA OBRA
1 – Tu nunca sabes o que é que os teus pais andaram a fazer, porque eles, em princípio, nasceram primeiro do que tu, de maneiras que, quando conheces uma gaja o melhor é dizer: “Oh menina, o seu passaporte se faz favor, nunca fiando, que eu gosto de fazer tudo certinho!”
2 – Outra coisa que o Eça de Queirós ensina é que às vezes mais vale um gajo ser cão, porque eu tive um cão, que era o Patusco e o gajo não respeitava nada, nem ninguém, era irmãs, era a mãe, era tudo a eito e não era nada com ele.
Resumo de ‘Os Lusíadas’
Os Lusíadas é um coiso épico, mesmo, quer dizer que é escrito com uma cagança, mesmo fanfarrona – ´’tá ali uma coisa de artista, porque é tudo a rimar, só que às vezes não se percebe bem o que ele diz, mas, mais ou menos, aquilo é a história… é o Vasco da Gama, que quando começa já vai em Moçambique, e um gajo pensa, isto é bem feito, vamos logo ao que interessa, já estamos quase a chegar à Índia, só que o Vasco da Gama vai falar com um rei e pena “Tu tens a mania que és fino, mas eu vou-te mostrar quem são os portugueses” e começa-lhe a contar a história de Portugal desde o princípio, tudo explicadinho, como é que foi, como é que não foi, quando dá por ela, está no Canto VI e diz ele: “-Eh pá, olha para as horas, vamos andando que ainda temos de passar na Índia, que eu não me posso esquecer de lá ir”.
Foram-se embora, anda à porrada com Mouros e Deuses muito antigos, borram-se todos lá com o monstro que aparece, mas vale a pena, porque chegam a uma ilha que tem gajas mesmo boas, mesmo ótimas gajas, depois voltam para Portugal.
ENSINAMENTOS DA OBRA
Se queres ir às gajas, vai no estrangeiro, estás à vontade e a tua mulher não sabe de nada. Isto aqui é um meio muito pequeno e sabe-se tudo sempre e, além disso, quando dás por ti, estás na cama com a tua irmã. Assim, vais à Índia e estás sossegado, porque, em princípio, lá não tens parentes.
Autor: Ricardo Araújo Pereira
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