Uma Viagem de Charme no Comboio Histórico do Douro
Faça uma viagem no tempo e entre a bordo do Comboio Histórico do Douro para percorrer uma paisagem que é Património Mundial da UNESCO.
Todos os anos, por altura do verão, a viagem entre Régua e Tua torna-se num momento especial a bordo do Comboio Histórico do Douro.
Uma velha locomotiva a vapor, de 1925, leva a reboque cinco carruagens históricas com inúmeros turistas e curiosos que procuram saber como é atravessar as belas paisagens do Douro Vinhateiro utilizando um meio de locomoção à antiga.
A partida faz-se da estação da Régua, por volta das 15h20. Mas mesmo antes, os passageiros, ansiosos, reúnem-se em torno do velho comboio que começa a aquecer a máquina. O carvão já não existe, uma vez que foi adaptada para diesel.
Mas as múltiplas manetes no interior da cabine do maquinista levam a crer que a função não era fácil quando estas máquinas dominavam as linhas férreas.
A animação começa logo ali, na plataforma. Entre os passageiros que fazem pose junto do maquinista, passando pelas escadas de acesso às carruagens ou pelas janelas, começa a ouvir-se o arrufe do tambor, o som da concertina e os cantares tradicionais do grupo de homens e mulheres que nos vai acompanhar na viagem.
Todos a bordo do Comboio Histórico do Douro
Os altifalantes da estação anunciam a partida, ao mesmo tempo que se ouve um apito, seguido de um grande aviso sonoro que sai da locomotiva. Todos a bordo, inicia-se a viagem.
O grupo de animação começa desde logo a cantar. Duas músicas por cada uma das cinco carruagens até chegar à primeira paragem: a estação do Pinhão.
Os passageiros, excitados com a viagem, dividem as atenções entre os simpáticos cantores e as vistas incríveis que vão surgindo à medida que o comboio avança pela linha que acompanha o Douro.
Muita história carregam aqueles carris. A Linha do Douro é considerada “uma das obras-primas da engenharia ferroviária portuguesa do século XIX”, fazendo com que o comboio — e, com ele, o progresso — chegasse a várias regiões até então isoladas do resto do mundo.
Os bancos das carruagens não primam pelo conforto, tal como não o faziam quando aquele meio de transporte estava em plena atividade.
Mas, a verdade é que os passageiros do Comboio Histórico do Douro não param sossegados nos seus lugares, espreitando por diferentes janelas e metendo conversa aqui e ali. Sempre de máquina fotográfica em punho.
E porque estamos a atravessar uma das regiões mais afamadas de vinho em Portugal, eis que surgem membros da equipa que acompanha a viagem a servir um cálice de Vinho do Porto.
Não se dá pelo tempo a passar quando o comboio começa a abrandar a marcha para parar na estação do Pinhão. O intervalo na viagem é curto, de apenas 15 minutos para abastecimento. É que a “velhinha” máquina necessita de água e algum óleo nas peças para continuar a viagem.
A estação é por si só um local que vale a pena apreciar no pouco tempo de paragem. Lá pode ser visto um dos mais belos conjuntos de azulejos ferroviários de Portugal. Datados de 1937, são da autoria de J. Oliveira e foram produzidos na Fábrica Aleluia, em Aveiro.
Uma vez abastecido, é de novo anunciada a partida com um forte aviso sonoro e logo começa a marcha rumo ao último destino: a estação do Tua. São mais 15 a 20 minutos de viagem até lá.
Regresso à Régua
A estação do Tua perdeu a vida de outros tempos. Este era o local onde tinha início a conhecida Linha do Tua, que fazia a ligação até Bragança.
Hoje, com a linha desativada, estação vive dos dias em que chegam visitantes — ora do comboio histórico, ora de outras carreiras que levam os turistas a almoçar no pequeno restaurante que existe mesmo junto à margem do rio.
Esta última paragem dura 45 minutos, tempo suficiente para a locomotiva dar a volta numa das poucas plataformas giratórias ainda existentes em Portugal e para os passageiros degustarem um cálice de moscatel e fazerem algumas compras de produtos regionais nas bancas existentes no interior da estação. Tudo ao som dos cantares regionais que não param desde que a viagem começou.
O regresso à Régua faz-se a bom ritmo. Pelo caminho vão ficando as encostas do Douro Vinhateiro, com vinhas de perder de vista e um casario imponente que marca o centro das quintas que ali produzem algum do melhor vinho português.
O maquinista, incansável, faz bom uso do apito, dando sinal à passagem de cada barco que percorre as águas do Douro. Trocam-se acenos constantes entre quem vai no comboio e quem está no interior das embarcações. Um momento especial, adoçado pelos típicos rebuçados da Régua que, por aquela altura, são oferecidos a bordo.
A viagem no Comboio Histórico do Douro tem a duração de aproximadamente 3 horas e para a fazer terá que comprar um bilhete no valor de 42,50€ ou de 19€ para crianças entre os 4 e os 12 anos.
Caso queira entrar a bordo deste passeio pelo Douro poderá fazê-lo até ao dia 31 de Outubro, apenas aos fins de semana. Depois, só para o ano é que a velha locomotiva voltará a percorrer os carris.
Fonte: Via Verde
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