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Ele há gente muito burra!!!

• Vierem de barco? Agora já há avião...

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Vierem de barco? Agora já há avião…
Ou… a burrice daqueles continentais que tinham preferido viajar das Lajes (na ilha das Flores) para o Corvo na Lancha de Mestre Augusto

E a culpa era minha: Eu é que tinha convidado 20 companheiros da Comunicação Social para aquela incursão por diversas ilhas dos Açores. Era mais um Passeio de Jornalistas.
Em vez de um rápido saltinho de avião de uma ilha para a outra, a opção de tactear os recortes da ilha das Flores com Mestre Augusto ao leme, na contemplação de baías e falésias. E depois, quando quase circundada a ilha se atreveram a mar largo e fundo, escolta de golfinhos até ao Corvo!!!

O reboliço era total, com fotógrafos e operadores de imagem correndo de uma borda à outra do convés à cata do melhor ângulo, da melhor vista: Das ilhas, do mar, do céu lindíssimo que estava e… daquele ajuntamento de golfinhos cabriolando em redor da embarcação.
Nesta excitação… a viagem esgotou-se num instante – já estava o Corvo à vista e iniciava-se a manobra de aproximação.

Ilha do Corvo 01
Saída das Lajes das Flores: A Lancha encosta no cais do Corvo, Mestre Augusto dirige a amarração.
“Passeio de Jornalistas” no Corvo, 1993 – Foto: Antunes Amor.

Ainda mal o pé em terra e veio o tal comentário disparado do grupo de corvinos que, em cima do cais, espreitava a cambada de doidos do continente com manias de navegação de lancha… Agora que já havia avião!!!

Ilha do Corvo 02
Mulher com ilha em fundo… – “Passeio de Jornalistas” no Corvo, 1993 – Foto: Antunes Amor.

Foram dias inesquecíveis.
Os jornalistas tiveram de ficar espalhados por diversas casas da ilha… que a pequena pensão não tinha capacidade para tão súbita procura. Houve quem fosse para casa do carteiro, para casa do médico…
Eu, como organizador do Passeio, fiquei na pensão. E lá tive de compartilhar o quarto com o José Quitério, do Expresso.

Estou certo de que nenhum de quantos viveram essa aventura a irá esquecer. E quando chegou o Serão Corvino e as vozes se encontraram com as violas descobrimos que a Saudade (que já ouvíramos cantada noutras ilhas, e aqui recordamos à moda de São Jorge) ganha ambiências e sentidos quase cortantes no Corvo.

Daí a uns anos regressaria para experimentar a emoção de uma emissão de rádio em directo para a Antena 1 – a minha Feira Franca – a partir da mais pequena parcela de terra habitada dos Açores.
Na altura – ainda não tinham chegado os telefones de satélite – uma proeza de telecomunicações apenas possível pelo empenho dos homens da Portugal Telecom e dos meus companheiros da RDP Açores.
Quem se deve recordar disso é o Nuno Ferreira (o do Portugal a Pé) que levei comigo à boleia.

Ilha do Corvo 04
Nada como um fotógrafo para estorvar a amena cavaqueira de um fim de tarde… – “Passeio de Jornalistas” no Corvo, 1993 – Foto: Antunes Amor.

Tempos em que ainda não tinha sido afastado e… ainda me era permitido trabalhar na Rádio Pública!

Um dia destes conto também isso. Aguardem!

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