A capital é hoje uma cidade muito diferente do que era há cinquenta anos. Do início do século XX, então, resta muito pouco. E se ganhou umas coisas, perdeu outras, entre elas estes belos edifícios. É sempre curioso olhar para as imagens antigas de Lisboa, conservadas pelo extensíssimo Arquivo Municipal ou pela fabulosa (e viciante) Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian e perceber o quanto a cidade mudou. Porque mudou e muito: é difícil encontrar uma rua que pudesse entrar numa rubrica do género “Descubra as Diferenças” com a sua versão de há um século.
Pouco interessa, para o caso, especular se mudou para melhor ou pior. Interessa, isso sim, aproveitar as referidas plataformas (à qual se pode juntar, por exemplo, a coleção Lisboa Desaparecida, da olisipógrafa Marina Tavares Dias) para fazer uma viagem no tempo e, neste caso, descobrir vários edifícios marcantes da capital, que foram parte da sua história, mas que, por uma razão ou outra, desapareceram ou mudaram drasticamente de aparência.
Entre teatros, cinemas, espaços comerciais ou palacetes, muitos deles, inclusive, distinguidos com Prémio Valmor, há muito por onde escolher. E viajar.
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A Casa Empis, do arquiteto António Couto de Abreu, venceu o prémio Valmor em 1907 e foi demolida em 1954. Ficava no 77 da Avenida Duque de Loulé.
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De autoria do arquiteto António do Couto Abreu, esta casa ganhou Menção Honrosa no Prémio Valmor de 1909 e foi demolida em 1954. Ficava no cruzamento da Rua Viriato com a Tomás Ribeiro.
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Este palacete neo-manuelino foi demolido em 1951 para a construção da Cidade Universitária.
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Chama-se Villa Sousa e está em ruínas há décadas. Fica na Alameda das Linhas de Torres, no Lumiar, e ganhou o Prémio Valmor em 1912. O arquiteto foi Manuel Norte Júnior.
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Outro magnífico trabalho de Manuel Norte Júnior, esta casa, pertença de José Cândido Branco Rodrigues, foi demolida em 1949. Ficava na esquina da Avenida da República com a Visconde de Valmor.
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Raul Lino, autor, entre outros, do Teatro Tivoli, projetou esta moradia na Rua Castilho. Foi Prémio Valmor em 1930 e demolida em 1982. As suas colunas foram usadas na construção do Páteo Alfacinha.
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O edifício atrás da paragem ficava na Avenida Duque de Loulé e destacava-se pelas varandas e azulejos. Foi menção honrosa do Prémio Valmor 1909. Um trabalho do arquiteto Adolfo Marques da Silva.
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Gabriel José Ramires tinha o seu próprio palácio na Fontes Pereira de Melo, com um urinol público mesmo em frente, a fazer lembrar o monumento de Cutileiro ao 25 de Abril.
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O arquiteto Raul Lino desenhou esta moradia de estilo quase nórdico, construída na Avenida António Augusto Aguiar e demolida há já algumas décadas.
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O Teatro Apolo, que antes se chamou Príncipe Real, em homenagem a Dom Carlos, ficava na Rua da Palma. Foi demolido em 1957.
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Este palacete ficava na Avenida de Berna. À data desta fotografia estava já pronto para ser demolido.
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Na esquina da Barbosa du Bocage com a Avenida da República existia este magnífico palacete, entretanto já demolido.
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Data do início do século XX esta fotografia que mostra um chalet em plena zona do Saldanha.
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Na Rua Júlio César Machado, junto à Avenida da Liberdade, a Baronesa de Samora Correia teve o seu palácio, demolido em 1948.
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As obras para a abertura da Praça do Martim Moniz levaram à demolição, em 1949, da Igreja do Socorro, na Rua de São Lázaro.
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Outra moradia unifamiliar belíssima distinguida com Menção Honrosa no Prémio Valmor (1914), esta na Rua Cidade de Liverpool, entretanto demolida.
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Foi Cine Bélgica e Cinema Universal antes de acolher o Rock Rendez Vous nos anos 80, um dos palcos mais conhecidos da cidade. Depois de a sala de concertos fechar, em 1990, o edifício foi demolido.
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Manuel Joaquim Norte Júnior, um dos grandes arquitetos do início do século XX, tinha o seu ateliê neste curioso edifício situado na Praça Ilha do Faial, em Arroios. Foi demolido em 1979.
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O palacete Silva Graça foi projetado por Miguel Ventura Terra e viria, mais tarde, a transformar-se no Hotel Aviz, demolido em 1962 para ali se construir o Sheraton e o Imaviz.
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No lugar desta fábrica de construção foram erguidos os chamados lofts da 24 de Julho, mantendo-se apenas parte da fachada original.
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Nesta fotografia, de início do século XX, vê-se a fachada do Matadouro Municipal, na atual Praça José Fontana. O complexo viria a encerrar atividade em 1955.
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Em 2012, o edifício do antigo Cinema Rex (que depois se tornaria Teatro Laura Alves) foi vítima de um incêndio. Nessa altura albergava uma pensão de cariz duvidoso.
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Esta foi a primeira versão do Cinema Europa, em Campo de Ourique. Funcionou assim entre 1931 até 1957, altura em que foi demolido para dar origem…
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…a esta versão, desenhada por Antero Ferreira e inaugurada em 1958. O relevo na fachada, de Euclides Vaz, vai manter-se no projeto para ali previsto que mistura um centro cultural com habitação.
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Este edifício, construído no início do século XX, com elementos de Arte Nova, foi demolido para a construção do prédio que acolheu a Companhia Nacional de Electricidade, na Avenida Casal Ribeiro.
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Ocupando o antigo palácio Rosa Damasceno (atriz, ex-amante real), o Hotel Tivoli começou por ser este singelo edifício, em 1933. Só depois foi expandido e remodelado até se chegar à versão de hoje.
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Antes de ter sido adaptado a centro comercial era este o aspeto do Cine-Teatro Monumental, um projeto do arquiteto Rodrigues Lima.
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Com uma cúpula a fazer lembrar o tripeiro Bolhão, o Mercado da Praça da Figueira foi demolido em 1949. A intenção, nunca concretizada, era a de ali construir uma praça arborizada.
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O restaurante Panorâmico do Monsanto, uma das ruínas mais famosas da cidade, tinha este aspeto em 1967, um ano antes da sua inauguração.
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A Casa da Cerâmica, na Rua Braamcamp, apresentava-se desta forma no início do século XX.
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Acredite ou não, esta moradia, de autoria de Cassiano Branco, foi fotografada em 1937. Traços muito à frente do seu tempo mas que não resistiram a uma demolição precoce.
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O Theatro Avenida (da Liberdade) abriu portas em 1888 e esteve em atividade até 1967, ano em que foi destruído por um incêndio.
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Na atual Avenida das Forças Armadas (antes designada 28 de Maio) existiu em tempos idos este belo edifício de esquina.
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Outro belo exemplar que se perdeu com o tempo, este na esquina da Avenida 5 de Outubro com a Júlio Dinis.
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Eis o muito moderno, para a época, stand Rios D’Oliveira, situado no número 227 da Avenida da Liberdade, que hoje é um prédio de escritórios.
Autor: Tiago Pais/observador.pt