Por qualquer motivo que ultrapassa a compreensão humana, o relógio do Arco Triunfal da Rua Augusta avaria constantemente e pára para grande irritação de Cronos, o deus do Tempo. O relógio foi construído pela empresa “Boa Construtora – Fábrica de Relógios Monumentais”, fundada em Almada em 1930 por Manuel Francisco Cousinha. O aparelho data de 1941, altura em que ainda não tinha corda automática, pelo que necessitava de funcionários que, algumas vezes por semana, lhe dessem corda e o acertassem.
Mais tarde, Manuel Francisco Cousinha, com a alcunha de “engenhocas”, inventou um mecanismo de corda automática que tinha por base o mercúrio. Mesmo assim, por questões climáticas como a humidade e, também, a falta de verbas para a manutenção, o relógio foi-se degradando e, além de parar constantemente, atrasava-se ou adiantava-se.
Aquando da reparação em 2007, foi preciso maquinar a roda maior que tem 120 dentes, ou seja, 30 centímetros de diâmetro, mandando refundi-la para ser refeita, além de se terem corrigido alguns erros de reparação, como o terem-lhe mudado o sistema de transmissão aos ponteiros.
Mas esse não é o primeiro mecanismo de relógio do Arco da Rua Augusta, pois que na sala onde está o de 1941 há também um outro mecanismo de relógio do século XIX, igualmente em fase em restauro. Ele veio do Convento de Jesus, hoje Academia das Ciências, e foi adaptado por Augusto Justiniano de Araújo (Valença, 1843 – Lisboa, 1908), grande relojoeiro português fundador da Escola de Relojoaria da Casa Pia, tendo essa notícia sido dado pelo próprio na revista que fundou nos fins do século XIX, o Cosmocronómetro.
O Arco da Rua Augusta é um arco triunfal situado na parte norte da Praça do Comércio, sobre a Rua Augusta, em Lisboa, Portugal. A sua construção foi programada em 1759, no quadro da reconstrução pombalina após a destruição da baixa lisboeta pelo terramoto de 1755, com desenho de Eugénio dos Santos. Até 1843 o arco subia apenas à altura da sua cimalha, num jogo de colunatas compósitas colocadas em 1815, ficando a aguardar o coroamento. Foi então aberto concurso para a finalização da obra, ganho pelo arquitecto Veríssimo José da Costa. A obra do arco triunfal, que já estava fechado em 1862 por ocasião do casamento de D. Luís I, como se observa em fotografias da época, apenas foi concluída em 1873.
Na parte superior do arco, é possível observar esculturas de Célestin Anatole Calmels, enquanto num plano inferior se encontram esculturas de Vítor Bastos. As esculturas de Calmels representam a Glória, coroando o Génio e o Valor. As esculturas de Vítor Bastos representam Nuno Álvares Pereira, Viriato, Vasco da Gama e o Marquês de Pombal. Na lateral esquerda, o rio Tejo, e na direita o rio Douro, da autoria também do escultor Vítor Bastos. Os rios Tejo e Douro delimitam a região onde alegadamente viviam os Lusitanos.
O texto inscrito no topo do arco remete para a grandiosidade do Império Português e a descoberta de novos povos e culturas. VIRTVTIBVS MAIORVM VT SIT OMNIBVS DOCVMENTO.PPD “Às Virtudes dos Maiores, para que sirva a todos de ensinamento. Dedicado a expensas públicas”. A partir de 9 de Agosto de 2013 é possível, usando um elevador e dois lances de escadas íngremes, chegar ao miradouro no topo do Arco, por 2,5 euros. Durante o primeiro ano em que esteve aberto, foi visitado por 130 mil pessoas.