Tornaram-se num autêntico postal turístico da Nazaré e, depois de McNamara ter aqui surfado uma das muitas famosas ondas gigantes próprias deste local, são aos milhares os turistas que passaram a visitar a Nazaré todos os anos. Alguns chegam aqui para surfar, outros chegam apenas para ver quem surfa. Descubra como se formam as ondas mais famosas de Portugal. A ondulação do largo que chega à zona costeira propaga-se mais rápido sobre o Canhão da Nazaré, onde a água é mais profunda, do que na plataforma continental adjacente, onde a água é relativamente pouco profunda.
Esta diferença na propagação da onda, dependendo da profundidade sobre a qual ela se move, modifica a orientação das linhas de cristas e cavas (dizemos que a onda é refratada pela topografia, tal como os raios de luz são refratados quando passam do ar para a água), criando zonas onde a onda converge.
Esta convergência focaliza a energia da onda o que se traduz-se numa amplificação da onda. Este processo parece ser particularmente eficaz na zona ao largo da Praia do Norte, durante os períodos de ondulação (swell) predominante de Noroeste ou de Oeste, e em algumas simulações efetuadas, recorrendo a modelos numéricos, sugeriram que uma onda ao largo com 10m de altura pode ser amplificada por este processo, atingindo cerca de 20m na área da Praia Norte.
Este processo é comum em outros canhões submarinos mas o que parece tornar a Nazaré especial é o facto de a orientação deste canhão e o modo como ele interseta a linha de costa permitirem que ele modifique as correntes que a própria ondulação cria junto à costa, fazendo com que em certos períodos se desenvolva uma corrente forte que se opõe às ondas.
Em poucas palavras, os canhões submarinos como o Canhão da Nazaré, modificam o modo como a ondulação se propaga, permitindo a existência de zonas na proximidade do canhão onde a onda converge e se amplifica.
Ao largo da Praia do Norte, este processo parece ser reforçado por correntes costeiras que se opõem às ondas e pela diminuição rápida do fundo que a onda sente ao passar do canhão para a plataforma próxima.
O CANHÃO DA NAZARÉ
O Canhão da Nazaré é conhecido de há muito, e em tempos remotos considerado como um abismo insondável.
O conhecimento científico deste canhão submarino, nomeadamente sobre as suas características gerais nas proximidades da costa, poder-se-á localizar no início do século XX, com um conjunto de levantamentos hidrográficos realizados pela Missão Hidrográfica (o precursor do atual Instituto Hidrográfico), posteriormente descritos por Ferreira de Andrade (1937).
O Canhão Submarino da Nazaré estende-se por cerca 170 km, desde profundidades abissais de 5000m até cerca de poucas centenas de metros da Praia da Nazaré, onde a parte terminal do canhão (chamada a cabeceira do canhão) chega a 150m de profundidade.
A parte do Canhão da Nazaré que corta a plataforma continental constitui um desfiladeiro submarino verdadeiramente impressionante, com uma largura máxima de cerca de 6 quilómetros e paredes que descem até aos 2000m de profundidade.