Lavar, secar, esguedelhar, cardar, emanelar, fiar, ensarilhar, dobar, encher canelas, tecer e tricotar. Algumas destas palavras podem parecer-lhe estranhas. Mas, para um grupo de mulheres de Bucos, têm sentido familiar e resultados fantásticos.
Em Cabeceiras de Basto, a lã tece laços de vizilhança e partilha. Na freguesia de Bucos um grupo de mulheres reúne-se às quintas-feiras em torno dela. Teimam em gostá-la, com sabedoria e carinho.
É verdade que já não há pisões para a pisoar e já não se fazem capuchas como antigamente… Mas das suas mão saem mantas, meias e outros artefactos que conquistam a interesse das gentes de fora.
Aos poucos foram atraindo atenções. Acabaram a dar nas vistas e a estimular curiosidade mesmo na área da moda.
Se um dia destes for para aquelas bandas, não se esqueça de passar pela Casa da Lã. Aí existem teares, lã e espaço para o convívio de dez mulheres. Por gosto, reúnem-se todas as semanas: põem conversa e lãs em dia…!
E por lá vão passando também ideias e propostas de estilistas. Daí um conjunto de novas peças de linhas contemporâneas mas que mantêm a tradição no modo de a trabalhar.
Acima de tudo, procura-se manter viva a arte de fiar e tecer lã à mão. Um processo que se inicia com a tosquia das ovelhas e vai até até à concepção, desenho e fabrico das peças.
E o produto final?? Lindíssimo, de matriz bem portuguesa!
Sempre cantado. Aqui a Dobadoira, canção de trabalho entoada pelas Mulheres de Bucos, enquanto exemplificam algumas tarefas do ciclo da lã.
Os cantos acompanhavam os movimentos das mãos… Que assim pareciam mais fáceis!
O ritmo das vozes… era o dos gestos de trabalhar a lã. E as gargantas acabavam, também, instrumentos da sua produção.
Uma sedução!
E até uma voz de mulher canta Fui ao céu por um novelo.
As Artes da Lã deram lindíssimas e profundas canções… Para amenizar algumas daquelas tão duras tarefas!