Home Gastrofolias Que semelhanças? Antónia (sandes ao balcão) / Frederico (restaurante de luxo)

Que semelhanças? Antónia (sandes ao balcão) / Frederico (restaurante de luxo)

Não será profunda injustiça que luxo e subsistência possam ser encarados de forma igual em termos de impostos?

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Gourmet

Antónia, chamemos-lhe assim, aproveita a hora de almoço para comer qualquer coisa no café próximo do escritório onde é telefonista. Vai ser o costume: um copo de leite e uma sandes. Para rematar, a sopa do dia. Em pé, naquela espécie de balcão encostado à parede. Aguarda que haja um lugar e leva o tabuleiro com as suas coisas.

• O motorista de Frederico pára o carro à porta do restaurante e abre-lhe a porta. Ele sai, é cumprimentado pelo porteiro e conduzido à mesa atempadamente reservada pela sua secretária. Escolhe os antepastos e vai degustando um vinho aperitivo enquanto o seu convidado de almoço não chega. Depois virá o ritual da ementa, a amostragem dos peixes frescos e a escolha dos pratos.

Iva Restauração

Pelo direito ao bom gosto…

Ao luxo, o que é do luxo!

Entre os almoços de Antónia e de Frederico, a semelhança está no IVA das facturas.
Antónia vai pagar Taxa igual, por aquela refeição apressada comida em pé, à suportada por Frederico no restaurante que escolheu para tratar dos negócios.

Proporcionalidade fiscal tem pouco a ver com justiça social. E a discriminação positiva, que deveria funcionar a favor dos mais frágeis, não existe: As incidência, percentagens e modos de taxação revelam-se sempre iníquos, mesmo quando disfarçados de proporcionais.
Cada vez mais vozes defendem incidência maior sobre bens de luxo no esforço contributivo dos cidadãos.

Risco que Antónia não corre. Nem ela nem os milhões de outros que, das virtualidades gourmet, só suspeitarão fachadas de restaurantes e destaques de televisões. As tais que, na ânsia de armar ao pingarelho, vão tecendo loas a exotismos e requintes que a grande maioria nunca sonhará.
Mas vai espreitando imagens e… alimentando a imaginação!

* * * * *

RestauranteÉ bom de ver que, ninguém por aqui, se manifesta contra a existência de qualquer tipo de restaurante sejam quais forem os seus desvairados preços. O direito de escolha dos cidadãos (para aqueles que o podem exercer) é um bem cívico insubstituível.
Depois, há o turismo e o emprego a exigirem saúde próspera dos estabelecimentos de comedorias e de alguns (bem menos!) santuários gastronómicos.
Como em tudo, nada que o bom senso e o bom gosto não resolvam e compatibilizem.

Iva RestaraçãoAinda assim, parece de profunda injustiça que luxo e subsistência sejam encarados de forma igual. E que Antónia e Frederico tenham o mesmo tratamento em sede de IVA.
Quando ele desceu, Antónia quase não deu por isso. Se ao menos aproveitassem para dar trabalho a tanto desempregado que por aí anda, pensou ela.
Cá para nós… parece-nos que vai ter de continuar a esperar bem sentadinha!

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